O Bosque dos Contos

 
Quando levo a sessão de contos “Tenda Vermelha”[i] a encontros e círculos de mulheres e há meninas e adolescentes no grupo, no fim, há sempre uma ou duas que me preguntam porque é que quase todas as histórias da sessão se desenvolvem num bosque ou muito próximas dele. A verdade é que eu não conto as histórias descrevendo que os acontecimentos se desenrolam no bosque com a excepção de uma mas é verdade que o nosso imaginário (colectivo) nos pode levar a situar o cenário das histórias que alinhavam esta sessão de contos num bosque. E é o que acontece muitas das vezes. 

Desconheço o/a autor/a. Agradeço informação
Isto porque o bosque pode ser (e é no mundo da imaginação, do onírico) a ponte com a nossa expressão criativa e fecunda.

Alguma vez se perguntaram porque é que avó da Capuchinha vivia numa casa do outro lado do bosque, “obrigando” assim a jovem rapariga a ter que o atravessar para a ir visitar?

Alguma vez se perguntaram porque é que o bosque exerce tanto fascínio na Capuchinha ao ponto de quando o atravessa não sentir medo e sim curiosidades de explorar outros caminhos?

No bosque estão as árvores e as árvores ao longo dos tempos estiveram ao pé das mulheres (e dos homens) quer nos bosques, quer nas grandes cidades, em jardins e parques. As árvores (os bosques) são símbolo de uma natureza selvagem, útil, estranha e/ou valiosa. As árvores utilizam as 4 energias, ar, água, terra e fogo exteriorizando-as através das raízes, folhas e frutos manifestando a sua força e a sua beleza.

No conto da Capuchinha[ii] (na verdadeira história) as árvores representam a verticalidade humana, a união entre o céu e a terra.

A imagem das árvores (dos bosques) esta tatuada na nossa imaginação e facilmente conectamos com ela.

É o que acontece a Capuchinha (e as meninas e as jovens que me perguntam na sessão o porquê do fascínio pelo bosque) que sente uma profunda conexão com o bosque “perdendo-se” nele e desejando descobrir todos os recantos.

Ela (ou seja cada uma de nós e das capuchinhas que nos habitam) observa as árvores e vê[iii] como cada árvore do bosque deitou raízes e cresceu graças a (re)união de forças descendentes e ascendentes as quais esta submetida. Árvores e mulheres expressam o seu potencial de realização (re)unindo as suas fases lunares e solares, divina e terrestre, luz e sombra, ying e yang, santa e puta…

Árvore e mulher são elementos vivos do cosmos, ambos simbolizam a vida em perpétua evolução.

A elevação ao céu e o enraizamento profundo na terra evocam tal como o corpo da mulher o caracter da vida: morte, regeneração, austeridade e renovação.

Observar as árvores, enraizar-se na natureza permitiu a jovem Capuchinha intuir como o seu corpo se parecia com as árvores… As raízes são as profundezas subterrâneas, o tronco e os primeiros galhos ganham vida na superfície terrestre e nas alturas os galhos e ramos mais altos crescem em direcção ao sol e se enchem de pássaros.

Quando uma mulher passeia pelo bosque, se “perde” nele aprende a cultivar, a podar, a integrar e a modelar a sua ciclicidade (a sua árvore interna) para poder gerir melhor as potencialidades do seu ciclo menstrual/hormonal. Passear pelo bosque, conectar com a natureza ajuda-nos a activar a nossa seiva para poder revitalizar a nossa energia. Como esta sessão de contos “Tenda Vermelha” é uma sessão interactiva durante um dos contos fazemos um exercício de enraizamento, querem fazê-lo comigo agora?

EXERCÍCIO DE ENRAIZAMENTO
download »»

Depois de percorrer os contos, as suas imagens, cores, símbolo, BOSQUES e mensagens e de juntas nos abrir-mos a mundo subtil das mil e uma cores da NOSSA CICLICIDADE gosto de fechar a sessão com um conto que termina assim:

“Vão, vão ao bosque… vão depressa se não a vossa vida jamais começara.”

Próxima sessão de Contos aqui»»


__________________________
[i] Se queres ter mais informação sobre esta sessão de contos escreve-me um email: jardineriahumana@gmail.com
[ii] Que é o conto de todas nós. Todas somos Capuchinhas.
[iii] Com os olhos da alma

E vocês gostam de passear pelo bosque? Gostam de abraçar as árvores e enraizar-vos com a natureza? Contem-me tudo aqui nos comentários :)

 Image and video hosting by TinyPic

O Bosque Pré-Menstrual

   

Todos os meses visito o bosque[i] pré-menstrual e convivo com as Capuchinhas que o habitam

Cada uma das 4 Capuchinhas (a C. Vermelha, a C. Indomável, a C. Sedutora e a C. Feiticeira[ii]) que habita em mim (em cada uma de nós) se desdobra em diferentes formas de expressão que expressam as possíveis combinações entre o meu mundo cíclico que fervilha criatividade e os diversos dons intuitivos e desafios que me habitam a cada fase.

A passagem de uma Capuchinha para outra é progressiva, feita dia a dia, dando espaço a que outras capuchinhas se expressem também. Hoje convido-vos a passearem comigo pelo meu bosque pré-menstrual na companhia da Capuchinha Feiticeira e conhecer as 9 Capuchinhas em que ela se (pode) desdobra(r).

Bosque pré-menstrual 
Ilustração do conto kamishibai "Por Trás da Capa Vermelha", texto Aida Suárez e Ilustração Cândida Campos
Nos primeiros dias da fase pré-menstrual a Capuchinha Feiticeira que sou, é acolhida pela Capuchinha Visionária. A Visionária ensina-me a manifestar toda a minha energia para reencontrar a minha liberdade. Enquanto habito a casa da Capuchinha Visionária a minha visão permite-me descobrir a verdadeira verdade (perdoem-me a redundância) do meu desejo, ajuda-me a discriminar as sombras, compreende-las, transforma-las e finalmente vence-las.

Abandono a casa da Capuchinha Visionária… a Capuchinha Feiticeira que sou continua o seu caminho pelo bosque pré-menstrual e chega até a casa da….

… da Capuchinha Exilada. Visito a sua casa nos ciclos mais densos e emocionalmente desafiantes. Recolho-me na sua casa quando a minha pré-menstrualidade se manifesta ‘premonstrualmente’, ou seja, sou habitada por energias/emoções depressivas que se colam na minha pele e sinto que o meu corpomente descende para o submundo na procura da minha essência. Visito a sua casa para descobrir o que precisa ser limpo, purificado, barrido e depois transformado.

A Capuchinha Feiticeira que sou regressa ao trilho do bosque e continua o seu caminho pelo bosque pré-menstrual até chegar a casa da Capuchinha Criativa. Visito a casa da Criativa nos ciclos em que a minha “alma tem fome”, quando estou cansada de ser uma mulher sensata que se esforça para encaixar nas normas sociais esperadas. Visito a sua casa quando preciso reencontrar-me e/ou nutrir a minha mulher selvagem.

"Somos o fruto da cultura que nos tolhe
Que nos escraviza pela expectativa que escolhe
Impor em nossos corpos, tortos pra caber no molde
Impor em nossos sonhos, mortos pra servir a prole
Comportamentos amenos, a menos que sejas louca
Com recato e em privado, não te exponhas como a outra
Abre menos essa boca, poupa o teu questionamento
Rosto e corpo no ponto, mas com pouco pensamento, tento
Fazer diferente, ser diferente dessa norma militantemente
Ser exemplo, contradizendo-o sempre
Com tradições nascem contradições opressivas
Como lições pra sermos fracas e reprimidas
Sem autoestima, postas de lado como um talher
Não foi pra isso que nasci uma mulher!
Não vou cumprir com a puta da expectativa
Não é para ela que oriento a minha vida..."

Regresso para a trilha e continuo o caminho junto com a minha Feiticeira até encontrar a casa da Capuchinha da Heroína. Visito-a sempre que preciso dissipar o nevoeiro que não me deixa ver o meu poder cíclico, mamífero e humano.

O bosque espera por mim e pela Capuchinha Feiticeira que sou, continuamos o nosso caminho e encontro a casa da Capuchinha Xamã. Visito a sua casa nos ciclos em que preciso transformar-me em maga da minha vida e assumir o meu poder pessoal não com truques de ilusionismo mas com o meu registo cíclico intuitivo e com autocuidado e autoconhecimento do meu corpomente.

Eu e a minha Feiticeira regressamos ao caminho do bosque para seguir a nossa viagem e chegar a próxima casa. A casa da Capuchinha Afrodite. Visito a sua casa quando preciso recuperar ou equilibrar a meu magnetismo e reencontrar os caminhos da liberdade do amor, primeiro do amor-próprio e depois do amor pelos outr@s.

Regresso novamente ao bosque para seguir o trilho pré-menstrual e chegar agora a casa da Capuchinha Amazona, essa mulher guerreira que todas somos. Normalmente, visito a sua casa nos ciclos em que preciso despertar as minhas qualidades solares adormecidas para equilibrar as minhas forças receptivas e activas. Ela ajuda-me a dançar com todas as minhas qualidades (dons) e complementar a suavidade com a determinação dos meus impulsos criativos (criar-vida).

Regresso ao caminho na companhia da Feiticeira, para me dirigir até a casa da Capuchinha Negra, normalmente visito a sua casa nos últimos 2/3 dias da fase pré-menstrual, preciso dela para reequilibrar as minhas forças.

O meu poder criativo, neste momento da fase pré-menstrual, anda de mãos dadas com a minha capacidade de destruir. Há ciclos, em que os dias que passo na sua casa me parecem um verdadeiro inferno mas é na escuridão da Capuchinha Negra que posso fazer a limpeza necessária na minha vida: seleccionar, ordenar, queimar as coisas velhas que no presente se tornaram inúteis.

Quando o trabalho de apreender a equilibrar as minhas energias contraditórias e usa-las a meu favor esta concluída a minha passagem pela casa da Capuchinha Negra e é o memento de continuar o caminho até a última casa, a casa da Capuchinha Sacerdotisa.

Visito a sua casa quando me sei em harmonia. Habito a sua casa quando me sinto mulher consciente e conectada com o meu corpomente de forma plena. Quando me sinto poderosamente inspirada e utilizo sem medo a minha criatividade[iii].

E estas são mais 9 capuchinhas que habitam em mim durante a fase pré-menstrual. Querem conhece-las mais intimamente? Querem conhecer como habitam o bosque (corpo) pré-menstrual?

Então, fiquem atentas ao blog e a página do facebook continuarei a contar-vos sobre a minha viagem pelo ciclo menstrual e as capuchinhas que o habitam. 



[i] Gosto de imaginar que o o meu corpomente é um bosque onde habitam mulheres mágicas.
[ii] Podes conhecer melhor estas 4 Capuchinhas no livro “Por Trás da Capa Vermelha”
[iii] A fase pré-menstrual é potencialmente criativa. 

 Image and video hosting by TinyPic

Queres mergulhar no mundo Alquímico do Ciclo Menstrual para extrair as chaves da transformação cíclica? Junta-te a tribo da capuchinhas.